“Neurodivergente’! Como será ter vivido 35 anos de uma vida sem nunca se quer ter ouvido falar sobre essa palavra? Bem, talvez eu possa explicar melhor!
Mas antes, e sem fugir do assunto, é importante que se registre que após um ano de existência do Site Diário Digital MT e, apesar deste ter reservado um ‘assuntuoso’ espaço denominado Blog da Ozi, esse é o primeiro texto desta singela e referida editora chefe que, embora respeitosamente técnico e de utilidade pública, representará 100% a minha opinião e minha história!
Não que tenha faltado assunto, longe disso! O problema foi selecionar algo dentre as milhares de possibilidades e vontades de escrever sobre tantas coisas e pautas…
Mas afinal, que raios essa falação tem de relação com o tema ‘O árduo caminho de um neurodivergente, TDAH’? Vem comigo nessa imersão textual, que já te explico!
Primeiro é salutar explicar… Neurodivergente é a expressão que se refere à pessoas que tem o desenvolvimento ou funcionamento neurológico com déficit e consequentemente, trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional, segundo a 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Acredite, apesar de ser comunicadora social, até dois anos atrás eu jamais tinha me deparado com uma palavra que daria tanto significado à minha vida, de meus filhos, amigos próximos e inclusive de meus colabores.
A exemplo do que ocorreu conosco, milhares de pessoas trilharam ou trilham o mesmo árduo caminho de ser um neurodivergente sem sequer saber o que é e se tem cura! Mais do que contar meu relato de vida, o objetivo desse texto é trazer clareza para pessoas que possam também estar vivendo esse dilema.
Dentre os mais conhecidos, na ‘categoria’ de neurodivergentes diagnosticados, está os acometidos pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar de estudos apontarem que 1 a cada 44 crianças nasçam com TEA, essa neurodivergencia, graças a Deus, atualmente é amplamente debatida e já é dotada de direitos que possam minimamente garantir uma melhor qualidade de vida, conhecimento e redução das problemáticas dos sintomas. Orgãos e entidades públicas e de classes e locais de grandes circulação de pessoas, já compreendem a importância e se atentam para respeitar as leis de proteção ao TEA.
O grande problema ainda está na subnotificação acometida pela falta de profissionais qualificados para os diagnósticos, laudos e acompanhamentos, dentre os quais; psicoterapeutas, psicopedagogos, psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Todos, amplamente escassos – especialmente na rede do Sistema Único de Saúde – SUS.
A subnotificação é ainda maior com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e eis aqui meu maior ponto de explanação.
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) estima que 2 milhões de brasileiros adultos lidem com os sintomas do transtorno.
O problema, sobretudo, é que o TDAH não tratado pode causar inúmeros problemas na escolaridade e aprendizado da criança e desencadear sérios problemas mentais e físicos nos adultos – algo que pode sobrecarregar os relacionamentos e causar dificuldades em muitos aspectos da vida cotidiana.
Por tudo isso, é importante reconhecer os sinais de TDAH em crianças – que podem ter os sintomas mascarados por uma falsa sensação de falta de interesse, desatenção, má vontade ou até mesmo uma impulsividade e tagarelarem sem parar. Já em adultos, reconhecer os sintomas poderá aliviar os transtornos deixados por cicatrizes profundas, ocasionadas por todos esses rótulos!
Acredite, a dor de tentar se encaixar nos padrões neurológicos dos quais jamais se encaixará, muitas vezes custou a vida de alguém. Por sorte, não fiz parte dessa estatística, embora as cicatrizes de toda essa dor, estejam ainda evidenciadas em meus olhos e na profundeza da alma – aqui intocável e imperceptível a olhos nus.
Como eu poderia prever que todos os apontamentos que por vezes me fizeram chorar dias e noites, na verdade eram apenas sintomas sendo revelados da forma mais clara possível?!
Como poderia saber que as inúmeras reclamações escolares, ‘travestidas’ da capacidade de sentar no ‘fundão’, conversar com toda a sala e ao mesmo tempo conseguir prestar atenção ao conteúdo e, inclusive responder as provas orais – jamais foram deboches e desrespeito aos mestres!
Como poderia saber que fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo com o máximo de entusiamo e do nada perder o interesse por tudo – jamais foram preguiça ou “querer fazer tudo”. Quantas vezes ouvi, “você quer agradar o mundo, quem tudo quer, nada tem. Para de querer abraçar o mundo!”
Como poderia saber que a menina falante, oportuna e até por vezes inconveniente, que a mulher justiceira, por vezes briguenta, carente de atenção e protetora ao ponto de se dividir tanto que não sobrava nada pra si – na verdade só precisava ser diagnosticada?
Doeu tanto ouvir, conviver e reviver tudo isso ao longo dos meus 36 anos… Passei por muitos momentos de altos e baixos. Ideação suicida foi presente por diversas vezes, afinal – sofrimento profundo e instabilidade emocional também são sintomas do TDAH. Medicamentos, inclusive receitados de forma errônea, terapias junto à psicólogos e orações. Tudo para tentar corrigir em mim um padrão julgador de terceiros! Não era sobre mim! Esse tempo todo, esse sofrimento todo, era e sempre foi sobre a neurodivergencia TDAH!
E quão libertador foi saber que sim, eu não era doida! Eu realmente sou essa pessoa que tem prazer em fazer 1 milhão de coisas ao mesmo tempo!
A menina que viveu 50 anos em 36, quem diria, finalmente compreendeu porque aprendeu bordar ponto cruz, crochê, bordar chinelos, fazer artesanato em argila, teatro, música e outros tantos. Era eu, Oziane Rodrigues a jornalista, mãe de quatro filhos, empreendedora, ligada no 360! Era só eu e o TDAH! Aliás, era não! Somos!
TDAH não tem cura, tem acompanhamento para a melhora dos sintomas! Meu diagnóstico segue de subnotificação, pois apesar de ter sido percebida pela melhor psicóloga do Brasil, Telma Alves de Alencar Mendes – segue sendo minha melhor amiga e a melhor especialista infantil e única com todas às principais qualificações para acompanhamento de neurodivergentes do SUS local. Ela sequer pode me avaliar corretamente, especialmente por nosso vínculo! Mas ver meu sofrimento, a fez verbalizar, “é TDAH, busque um tratamento!”. Então sigo na fila da subnotificação, porém com a clareza que salvou minha existência!
Saber o que tenho me fez compreender que sou especial e que com árduo esforço, poderei minimizar meus sofrimentos. Estou me reinventando, diminuindo meus vínculos profissionais, diminuindo gradativamente minhas dores e compreendendo sobretudo, que o acompanhamento teria feito toda a diferença na minha vida, mas ainda fará! Agora com sequelas, mas com uma vontade imensa de saber mais, cada dia mais sobre todas as vertentes que envolvem os neurodivergentes.
Foi tão libertador me re-conhecer que sinto-me inclusive agraciada! Deixei de ser um adjetivo! Passei não apenas a me conhecer, como re-conhecer meus filhos! O TDAH pode inclusive ser hereditário. O que se sabe é que ele tem uma forte influência genética, o que significa que há uma tendência para que ele seja transmitido de pais para filhos – embora não seja causada por um único gene.
Contudo, e por tudo isso, consegui ter a clareza necessária para buscar ajuda especializada para meus filhos. De posse dos conhecimentos dos sintomas prévios, as dúvidas logo deram lugar a certeza e meu filho mais velho, que logo fará 18 anos, recebeu a certeza laudada e acompanhada com outro fator neurodivergente – a Dislexia. E como esse diagnóstico tardio causou dores nesse meu pequeno! Mas, isso já é tema para um segundo texto…
As pequenas (minhas três filhas) também estão sob investigação, mas já agraciadas pelo prévio conhecimento, temos encontrado alternativas de melhorias de vida!
Estamos assim, hoje rodeados de neurodivergentes, tal qual as subnotificações! Gostamos de batizar nossa redação carinhosamente de nossos ‘TDAHzinhos e TEAszinhos’! Nos encontramos na sabedoria de compreender que é fundamental o acompanhamento e avaliação médica, mas crucial conhecer e re-conhecer os sintomas. Por isso, deixo todo o meu carinho e os 13 principais sintomas do TDAH. Acompanhe atentamente cada item, pois todos eles importam e juntos podem indicar TDAH!
Obrigada por estar comigo até aqui e até a próxima leitura!
13 PRINCIPAIS SINTOMAS DO TDAH:
1. Falta de foco
Possivelmente, o sinal mais revelador do TDAH, “falta de foco” vai além do problema de prestar atenção. Significa estar facilmente distraído, achando difícil ouvir os outros em uma conversa, ignorando detalhes e não concluindo tarefas ou projetos. O outro lado disso é o “hiperfoco” (veja abaixo).
2- Hyperfocus
Embora as pessoas com TDAH sejam facilmente distraídas, elas também podem ter algo chamado “hiperfoco” (Hyper foco). Uma pessoa com TDAH pode ficar tão absorta em algo que pode se tornar inconsciente de qualquer outra coisa ao seu redor. Esse tipo de foco torna mais fácil perder a noção do tempo e ignorar as pessoas ao seu redor. Isso pode levar a mal-entendidos especialmente nos relacionamento interpessoais.
3- Desorganização
A vida pode parecer caótica para todos às vezes, mas alguém com TDAH normalmente tem uma experiência de vida mais agitada em uma base regular. Isso pode dificultar manter tudo no lugar certo. Um adulto com TDAH pode lutar com essas habilidades organizacionais. Isso pode incluir problemas para controlar as tarefas e problemas para priorizá-las de maneira lógica.
4- Problemas de gerenciamento de tempo
Esta questão anda de mãos dadas com a desorganização. Adultos com TDAH muitas vezes têm dificuldade em usar seu tempo de forma eficaz. Eles podem procrastinar tarefas importantes, aparecer atrasados para eventos importantes ou ignorar tarefas que considerem chatas. Eles podem ter dificuldade em se concentrar no futuro ou no passado – o “agora” é frequentemente mais importante para eles.
5- Esquecimento
É normal esquecer as coisas ocasionalmente, mas para alguém com TDAH, o esquecimento é uma parte da vida cotidiana. Isso pode incluir esquecer rotineiramente de onde você colocou algo ou quais datas importantes você precisa manter.
Às vezes, o esquecimento pode ser chato, mas sem importância; outras vezes, pode ser sério. O ponto principal é que o esquecimento (TDAH em adultos) pode ser prejudicial para carreiras e relacionamentos, porque pode ser confundido com descuido ou falta de inteligência.
6. Impulsividade
Impulsividade em alguém com TDAH pode se manifestar de várias maneiras:
“interrompendo os outros durante a conversa
“ser socialmente inadequado
“correndo através de tarefas
“agindo sem muita consideração às conseqüências
Os hábitos de compra de uma pessoa são frequentemente uma boa indicação do TDAH. Compra de impulso, especialmente em itens que a pessoa não pode pagar, é um sintoma comum do TDAH em adultos.
7. Problemas emocionais
A vida com TDAH pode parecer caótica, como se suas emoções estivessem constantemente mudando. Você pode facilmente ficar chateado a procurar de emoções. Pequenas frustrações podem parecer intoleráveis ou trazer depressão e alterações de humor.
Problemas emocionais não tratados podem adicionar complicações às relações pessoais e profissionais.
8. Má auto confiança
Adultos com TDAH são frequentemente hipercríticos sobre si, o que pode levar a uma auto confiança ruim. Isso se deve em parte à sua incapacidade de se concentrar, bem como a outros sintomas que podem causar problemas na escola, no trabalho ou nos relacionamentos.
Adultos com TDAH podem ver essas dificuldades como falhas pessoais ou insucesso, o que pode levá-los a ver-se em uma luz negativa.
9. Falta de motivação
Enquanto você pode estar aberto a fazer tudo de uma só vez, você também pode se sentir desmotivado. Este é um problema comumente visto em crianças com TDAH, que muitas vezes não conseguem se concentrar nos trabalhos escolares. Também pode acontecer com adultos.
Juntamente com a procrastinação e as fracas habilidades organizacionais, esse problema pode dificultar que um adulto com TDAH conclua um projeto porque não consegue se concentrar por longos períodos de tempo.
10. Inquietude e ansiedade
Como adulto com TDAH, você pode sentir que “seu motor não vai desligar”. Seu desejo de continuar se movendo e fazer as coisas pode levar à frustração quando você não pode fazer algo imediatamente. Isso leva à inquietação, o que pode levar à frustração e ansiedade.
A ansiedade é um sintoma muito comum do TDAH em adultos, já que a mente tende a repetir eventos preocupantes repetidamente.
Tal como acontece com as crianças, os sinais físicos de inquietação e ansiedade em adultos podem incluir inquietação. Eles podem se movimentar com frequência – batendo com as mãos ou os pés, mudando de posição ou sendo incapazes de ficar parados.
11. Fadiga
Embora isso possa parecer surpreendente, dado que a inquietação também é um sintoma, a fadiga é um problema para muitos adultos com TDAH. Poderia haver varias razões para isso. Pode ser devido a hiperatividade ou problemas de sono que podem vir com TDAH. Ou pode ser devido ao esforço constante de concentração exigido por adultos com TDAH. Ou pode ser um efeito colateral dos medicamentos para o TDAH.
Seja qual for a causa, a fadiga pode dificultar ainda mais as dificuldades de atenção.
12. Problemas de saúde
Impulsividade, falta de motivação, problemas emocionais e desorganização podem resultar em uma pessoa com TDAH a negligenciar sua saúde. Isso pode ser visto através da compulsão alimentar deficiente, negligenciando o exercício ou abandonando a medicação importante. Ansiedade e estresse também têm impactos negativos na saúde.
Sem bons hábitos de saúde, os efeitos negativos do TDAH podem piorar outros sintomas.
13. TDAH em adultos e problemas de relacionamento
Um adulto com TDAH geralmente tem problemas nos relacionamentos, sejam eles profissionais, românticos ou platônicos. As característica de falar sobre as pessoas em conversas, desatenção e estarem facilmente entediados podem estar exaurindo os relacionamentos, já que uma pessoa pode parecer insensível, irresponsável ou indiferente.
Os 13 sintoma foram retirados de artigos e publicações médico-científicas e não substituem a avaliação médica!
*Oziane Rodrigues – jornalista e editora chefe do Site Diário Digital MT*